segunda-feira, setembro 06, 2010

GAITINHAS



As gaitinhas, assim eram conhecidas entre os miúdos da minha idade estas flores. Elas trepavam pelas tapagens, ou pendiam dos muros de muitas casas.
Lindo era vê-las abrir-se preguiçosamente ao sol matinal, e a criançada a colhê-las e, de seguida, soprar-lhes pela base, vibrante de musicalidade sinfónica desorganizada.
Era na casa da Laurindinha, na tapagem da Sr.ª Virgínia que elas mais se desenvolviam em chamamento das abelhas e em colorido de estio.
No início do Outono, uma pedoa afiada cortava a coriola ou trepadeira que, logo depois, rebentava, mais forte e verde, trepando como alpinista as paredes, as tapagens, ou pendia dos muros de pedra aparada e bem talhada que ladiavam o caminho, mal calcetado, do Janeiro, hoje Rua do Janeiro.
Como  era bom esse tempo de criatividade inventiva.
Encontrei estas descendo o muro de uma casa da rua Nova dos Ilhéus. 
Nem tentei soprar para ver se continuavam como dantes. Tenho consciência que perdi já muito da minha capacidade inventiva. Tive medo de acordar os sons desse tempo?
Talvez.

1 comentário:

  1. Não tenhas medo, Jordas... Experimenta e, quem sabe, os sons talvez te cheguem ainda mais mágicos que no outrora...

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